O que é olho seco?
Olho seco é uma doença multifatorial com deficiência do filme lacrimal, que resulta em dano e inflamação da superfície ocular.
O termo olho seco é usado para descrever diferentes doenças e condições resultantes da lubrificação inadequada da superfície do olho.
Também chamado de Síndrome da Disfunção Lacrimal ou Ceratoconjuntivite Seca, trata-se de uma das queixas mais frequentes no dia-a-dia da prática oftalmológica.
A cada 4 pacientes 1 apresenta a síndrome e, em geral, todas as pessoas têm os sintomas quando em condições adversas, como o uso do computador por mais de uma hora em ambiente com ar condicionado.
O que causa o olho seco?
A lágrima é essencial para lubrificação, nutrição e proteção das estruturas da superfície do olho e alterações em sua quantidade ou qualidade levam ao olho seco, bem como quando a distribuição do filme lacrimal não é uniforme sobre a superfície ocular.
A quantidade de lágrimas produzidas depende da produção de glândulas secretoras presentes nas pálpebras, cuja atividade tende a diminuir com a idade, condições climáticas e ambientais, além da possibilidade de perda para o ambiente por evaporação .
A qualidade da lágrima depende da perfeita composição de suas três camadas constituintes que são elas: camada lipídica (gordura), camada aquosa (água) e camada de mucina (muco).
- A camada lipídica é a mais externa, responsável por diminuir a evaporação.
- A camada aquosa é a intermediária e sua função é hidratar, proteger e nutrir a superfície ocular.
- A camada de mucina fica em contato direto com a córnea dando estabilidade ao filme lacrimal.
O uso de computadores, tablets e celulares alteram nossa reação natural de
piscar impedindo que a lágrima seja distribuída pela superfície ocular.
Em mulheres, as modificações hormonais da menopausa e o uso de contraceptivos também podem causar ressecamento dos olhos, além do uso de cosméticos, especialmente aqueles utilizados próximos aos olhos.
Algumas doenças podem causar a Síndrome da Disfunção Lacrimal. Elas podem ser oculares (blefarite, meibomite, conjuntivite e episclerite) ou sistêmicas (Síndrome de Sjögren, artrite reumatoide, lúpus, síndrome de Stevens–Johnson, sarcoidose, doenças da tireoide, herpes zoster, esclerodermia)
Além dessas doenças, alguns tipos de cirurgias oculares, insuficiência de vitamina A e determinados tipos de medicamentos também podem causar o ressecamento ocular.
Quais são os sintomas do olho seco?
O olho seco pode ser assintomático ou cursar com sintomas variados. Os principais sintomas são: irritação, coceira, sensação de areia nos olhos ou a presença de corpo estranho, olhos vermelhos, lacrimejamento, desconforto ao piscar, fotofobia (desconforto na luz), ardor e queimação, peso nos olhos, além de secreção mucosa ou pegajosa. É também comum a queixa de embaçamento da visão (que ás vezes melhora com o piscar).
As queixas pioram em situações de aumento da evaporação, como em lugares com ar-condicionado, vento e também em situações de extrema atenção (uso do computador, vídeo games e leitura prolongada) pois o número de piscadas e consequentemente a lubrificação dos olhos diminui.
O uso de lente de contato também pode ser dificultado pelo ressecamento dos olhos.
Um sintoma que comumente causa estranhesa nos pacientes é o fato do olho seco ficar lacrimejando. Isso ocorre como uma resposta do próprio organismo que reage para compensar a perda em quantidade ou qualidade do filme lacrimal.
Como saber se tenho olho seco?
Apresentando queixas de olho seco o paciente deve ser submetido a um estudo cuidadoso do filme lacrimal para o diagnóstico correto e conduta adequada de acordo com cada caso. A sintomatologia sistêmica também deve ser questionada.
Não dispomos ainda de um exame diagnóstico considerado como definitivo, sendo a atenção aos sintomas dos pacientes fundamental.
Além da observação de redução da quantidade de lágrima, alguns testes mais objetivos podem ser realizados para melhor comprovação do quadro, dentre eles: Tempo de ruptura do filme lacrimal (BUT), Rosa Bengala (corante que evidencia áreas de sofrimento tecidual), Teste de Schirmer (quantificação lacrimal através da umidificação de tiras de papel milimetrado especial, colocadas na margem palpebral). O uso da topografia para avaliação do filme lacrimal possibilita avaliação da qualidade do filme lacrimal.
Em alguns casos há também indicação de avaliação de fatores reumatológicos e autoimunes que podem estar envolvidos na causa da Síndrome da Disfunção Lacrimal.
Diante destes sintomas consulte o seu oftalmologista. Somente um profissional pode avaliar cada caso e indicar o melhor tratamento.
Olho seco tem cura?
A cura da Síndrome da Disfunção Lacrimal depende basicamente da sua causa. Se não for possível eliminar a causa, o tratamento da síndrome não será eficaz e os sintomas poderão retornar após interromper a utilização dos medicamentos.
Como se trata o olho seco?
Cada caso de olho seco deve ser avaliado individualmente para se determinar o tratamento que terá como objetivo aliviar os sintomas, repor e preservar o filme lacrimal, melhorando a qualidade de vida do paciente.
O uso de lágrimas artificiais cuja composição se assemelha a da lágrima natural é o primeiro passo a ser tomado. No mercado existe uma grande variedade de lágrimas disponíveis. Seu oftalmologista poderá te indicar qual a mais indicada para o seu caso.
Colírios anti-inflamatórios e Imunomoduladores também podem ser usados como tratamento.
A do ponto lacrimal com Plug é uma alternativa nos casos de diminuição importante na produção de lágrimas. Com o fechamento da drenagem lacrimal, aumentamos a disponibilidade da lágrima do próprio paciente. A colocação do plug é um procedimento simples e se necessário, pode ser facilmente removido.
Como posso evitar o olho seco?
De uma maneira geral, o portador de olho seco deve se reeducar, para que a lágrima possa ser preservada.
Procure descansar os olhos com maior frequência. É recomendado uma pausa de 10 minutos para cada hora em frente ao computador ou livro, e tente piscar voluntariamente.
Para relaxar os músculos oculares, tente focar os olhos em objetos mais distantes.
A posição da tela do computador ou tablet também vai influenciar no ressecamento dos olhos. Posicione o monitor para que você possa olhá-lo de cima para baixo, colaborando para que os olhos fiquem mais relaxados e parcialmente protegidos pelas pálpebras, reduzindo a área de superfície ocular exposta e assim diminuindo a evaporação.
Se possível, evite trabalhar ou estudar no computador por longos períodos de tempo principalmente em lugares com ar condicionado. O ar condicionado retira a umidade do ambiente e somado ao uso do computador produz o ressecamento dos olhos.
Utilize umidificadores de ar para enfrentar a baixa umidade do ar e quando estiver ao ao ar livre, utilize óculos de sol com filtros de raios ultravioleta.
Evite contato com elementos que possam causar irritação ocular, como fumaças e poluição pois elas podem comprometer o filme lacrimal.
Não se esqueça de tomar bastante água e consumir alimentos que contenham bastante líquidos com o objetivo de compensar as perdas sofridas e cuide da sua nutrição, adicionando à sua dieta alimentos ricos em ômega 3, 6 e 9 normalmente encontrados em alimentos como peixes, ovos e sementes de linhaça.
Quem usa lentes de contato deve respeitar o tempo máximo recomendável de uso das lentes.
Mulheres devem ter cuidado com a procedência, validade e aplicação de maquiagem. Antes de dormir, certifique-se de que toda maquiagem foi removida, pois sua retirada incompleta deixará vestígios que podem causar doenças, como a blefarite, que também interfere nas propriedades do humor lacrimal.
Busque frequente acompanhamento oftalmológico, pois a ausência de tratamento monitorado pode trazer lesões na córnea que podem comprometer a qualidade da visão de forma permanente.